sexta-feira, 20 de março de 2020

Ex-aliado, Alexandre Frota protocola pedido de impeachment contra Bolsonaro


Ex-aliado de Jair Bolsonaro, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) protocolou nesta quinta-feira o pedido de impeachment contra o presidente da República pela prática de seis crimes. É o terceiro pedido de afastamento de Bolsonaro entregue ao Congresso nesta semana.

“Entre trapalhadas, pessoais e familiares, desgovernos e crimes de responsabilidade, chegou a hora, nesse momento de desalento do povo brasileiro, de respirar novos ares de esperança, com a possibilidade do afastamento de quem, reconhecidamente e no âmbito mundial, não está à altura das relevantes funções que deveria exercer”, escreveu Frota, em sua página no Twitter.
No documento, Frota lista os crimes que teriam sido cometidos por Bolsonaro na Presidência:
– responsabilidade ao convocar apoiadores para as manifestações de 15 de março;
– contra a segurança nacional por incitar e chamar atos contra a Constituição;
– contra administração pública ao vetar a presença de profissional da “Folha de S. Paulo” em um evento público;
– contra a administração pública ao promover ataques contra as jornalistas Patrícia Campos e Vera Magalhães;
– contra a saúde pública ao cumprimentar manifestantes no Palácio do Planalto desrespeitando orientações; e
por descumprir o decoro do cargo.

Após lembrar que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi “traumático”, o tucano destacou, no documento, que é “imperativo o início deste novo processo, por absoluta defesa dos poderes constituídos e da democracia”.
O parlamentar do PSDB argumentou ainda que “a falta de educação, de respeito e de postura do presidente saltam aos olhos” e que as promessas de campanha, entre elas, o combate à corrupção, não estão sendo cumpridas.
Nas redes sociais, o ex-aliado citou alguns episódios que envolvem o presidente e seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ).
“Logo no início de seu Governo, no entanto, deixou de dar transparência à investigação de seu filho Flávio, acusado de rachadinha na Alerj e quem, de todas as formas, buscou obstar as investigações”, escreveu Frota. “Jair Messias Bolsonaro deixou de indicar embaixador para o Brasil em Washington buscando beneficiar seu filho Eduardo, que mostrou-se desqualificado para o exercício desse cargo. Carlos, por sua vez, deu, durante muito tempo, ordens dentro do Palácio do Planalto, a ponto de ter chegado a afastar Ministros”, acrescentou.
Ontem, foi a vez de parlamentares do Psol e apoiadores do partido protocolarem um pedido de impeachment contra o presidente. Na terça-feira, o deputado distrital Leandro Grass (Rede-DF) foi o primeiro a entregar a solicitação de impedimento na Câmara dos Deputados.
Cabe ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dar andamento aos pedidos. Em entrevista publicada pelo Valor na segunda-feira, o parlamentar do DEM sinalizou que os processos não vão prosperar.
“Nós já temos muitos problemas no Brasil para a Câmara ou o Senado serem responsáveis pelo aprofundamento da crise. Nós não seremos responsáveis por isso. Às vezes, me dá a impressão que o governo quer isso. Nós não seremos responsáveis por isso. Todos nós fomos eleitos. O presidente teve 57 milhões de votos, os deputados tiveram 100 milhões de votos”, disse Maia.
Valor

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