"Antes da queda de Collor a maioria dos eleitores já havia decidido seus votos. E, quando as urnas se abriram, o retrato que mostraram era do anti-Collor: a esquerda venceu em doze capitais", afirma Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi. "Do jeito que vamos, Bolsonaro, em 2020, tem tudo para ser parecido com Collor em 1992". Na época, foi um "fracasso do 'novo", diz
Uma das coisas bonitas da democracia é que, adequadamente institucionalizada, ela oferece oportunidades para que o eleitorado reveja decisões. As pessoas sabem que podem errar e é preciso que o sistema lhes permita corrigir votos que considerem equivocados, seja pelo motivo que for.
A realização de eleições periódicas, de preferência próximas umas das outras, é o caminho mais comum para que essas reconsiderações sejam possíveis. Há, também, uma crescente tendência internacional a buscar soluções que abreviem o prazo para consertar equívocos. Muitos discutem a adoção de alguma forma de voto de referendo ou confirmação, como o chamado recall eleitoral, mediante o qual os eleitores podem retirar o mandato concedido a alguém que os decepciona de maneira grave.
Enquanto inovações como essa não chegam ao Brasil, resta-nos o bom e velho calendário eleitoral, que prevê uma eleição a cada dois anos, uma para cargos de nível nacional e estadual, outra para o nível municipal. Pela natureza do que está em disputa, não se pode dizer que umas funcionem exatamente como revisões das outras, pois é claro que são eleições diferentes, com agendas e estratégias de campanha distintas. Mas a conexão entre os votos dados em ambas pode ser forte, dependendo do momento.
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