Por Carlos Eduardo*
Para brasileiros e estrangeiros o Nordeste do Brasil sempre foi um poderoso atrativo turístico por suas belezas naturais, por seu povo acolhedor, por sua cultura e culinária e ainda por suas excepcionais condições climáticas. Mas quando se compara o fluxo turístico da região, é fácil perceber que estamos muito atrás de Bahia, Pernambuco e Ceará, que desenvolveram outras formas turísticas além do uso do litoral, isto é, deixaram de lado a velha e nefasta cultura do caranguejo baseada no clássico sol, mar e doce far niente na orla. Enquanto isso, nossos empresários e autoridades continuaram ignorando muitos outros potenciais turísticos, que aliás temos de sobra.
Refiro-me ao ecoturismo, ao turismo de aventura, ao turismo religioso e histórico, ao turismo cultural, ao turismo de eventos e de negócios, ao turismo de alto luxo e até mesmo ao turismo de cruzeiro. Sei bem que a pandemia que ora enfrentamos foi impiedosa com o setor, prejudicando uma cadeia extensa de atividades, que vai da hospedagem, alimentação, comércio em geral, artesanato, rede de transportes, atividades recreativas, culturais e esportivas e até mesmo a atividades informais.
Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN analisou o impacto da covid-19 no trabalhador do turismo no RN, ouvindo 209 pessoas (72% homens e 28% mulheres) em Natal, Extremoz e Tibau do Sul (litoral), envolvendo trabalhadores formais e informais. O estudo aponta uma queda drástica e abrupta da renda desses trabalhadores. Entre os informais, 57,3% ficaram sem nenhum ganho. Entre os formais (com carteira assinada), dos 78,9% que ganhavam acima de um salário mínimo, o contingente foi reduzido a 32,7%. A pesquisa atestou que 56% dos trabalhadores afastados do trabalho no RN não recebiam qualquer espécie de remuneração. Na estimativa dos economistas, o setor do turismo deve retomar suas atividades de forma mais lenta do que outros setores, como a indústria, por exemplo.
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico do RN, elaborado pela FIERN, nos aponta os melhores caminhos para sairmos dessa estagnação. Dentre eles, reelaborar um vigoroso calendário de feiras, congressos, simpósios, eventos, encontros profissionais e de negócios, aproveitando melhor nossa rede hoteleira e os centros de convenção, além da vasta cadeia do negócio.
No interior, podemos explorar melhor grutas e cachoeiras, açudes e represas, trilhas ecológicas, locais para trekking e rapel, fortalecendo o turismo de aventura e de esportes radicais. Podemos estudar também as possibilidades do turismo rural e os segmentos da pecuária e da pesca. Podemos ainda aproveitar melhor o programa federal Viaja Mais Melhor Idade, estimulando o turismo da terceira idade na baixa temporada. Outra ideia é ampliar os festivais gastronômicos amparados em nossa rica culinária. Da mesma forma, podemos desenvolver mais ainda o chamado polo serrano com suas atividades de inverno. E por aí vai.
Como se vê, são múltiplos os novos caminhos que podemos traçar para desenvolver efetivamente o nosso turismo, a nossa indústria não poluente e que tanto retorno traz à economia da toda a região. O fato é que não podemos ficar nesse compasso de espera. Os empresários esperam pelo governo e o governo espera pelos investimento privados. Vamos todos nos unir em prol da melhor e mais imediata ação para levar o nosso turismo ao patamar que lhe cabe na ordem econômica.
*É ex-Prefeito de Natal.
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