segunda-feira, 29 de outubro de 2018

“Não tenham medo, nós estaremos aqui”, diz Haddad em discurso após derrota

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Em sua primeira declaração após a confirmação de sua derrota para Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pelo Planalto, candidato do PT, Fernando Haddad pediu respeito a seus cerca de 45 milhões de votos e afirmou que seus eleitores não precisam ter medo. “Nós estaremos aqui. Nós estamos juntos”, disse. “Contem conosco. Coragem, a vida é feita de coragem. Viva o Brasil”.
Haddad só discursou após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro como presidente eleito. Ele acompanhou a apuração ao lado da família e de lideranças do partido em um hotel na zona sul de São Paulo. O candidato derrotado não ligou para o vencedor, como é tradição na disputa eleitoral brasileira.
A palavra “coragem” foi dita em diversos momentos do discurso de Haddad, que durou pouco menos de nove minutos. Ele disse que aprendeu com seus antepassados “o valor da coragem para defender a Justiça a qualquer preço”. “A coragem é um valor muito grande quando se vive em sociedade”.
Em nenhum momento Haddad fez referência direta a Bolsonaro, mas disse que, durante a campanha, sentiu “angústia e medo nas expressões de muitas pessoas”. “Daqui a quatro anos, nós teremos uma nova eleição. Nós temos que garantir as instituições. Nós não vamos sair das nossas profissões, dos nossos ofícios. Não vamos deixar de exercer a nossa cidadania”, disse.
Talvez o Brasil nunca tenha precisado mais do exercício da cidadania do que agora. Eu coloco a minha vida à disposição deste país. Tenho certeza que falo por milhões de pessoas que colocam o Brasil acima da própria vida, acima do próprio bem-estar
Ao lado de Haddad, também estavam sua candidata a vice, Manuela D’Ávila, além dos presidentes do PSOL, Juliano Medeiros, e PCdoB, Luciana Santos. O candidato derrotado do PSOL ao Planalto, Guilherme Boulos também participou do ato. A ex-presidente Dilma Rousseff foi a mais festejada entre os presentes, tendo seu nome gritado pelos militantes. “Dilma, guerreira da pátria brasileira”, entoaram. Os petistas também assoviaram a música “olê, olê, olá, Lula, Lula”.
O petista foi recebido com comemorações pelos militantes ao chegar no salão em que fez seu pronunciamento. Na sequência, os organizadores do evento pediram um minuto de silêncio e lembraram de mortes ligadas à política, como a da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e a do mestre Moa do Katendê. “Nós não vamos deixar esse país para trás, respeitando a democracia.”
Apesar de todas as pesquisas apontarem uma provável derrota, a campanha petista construiu um discurso de otimismo nos últimos dias. Neste domingo, antes de ir votar, Haddad chegou a dizer que estava confiante em “um grande resultado hoje”. “As pesquisas indicam uma retomada importante da intenção de voto no nosso projeto. E eu confio na democracia, confio no povo brasileiro”.
Em contraste, lideranças petistas mantiveram o tom de cautela ao longo de todo dia. Para alguns petistas, a derrota já era algo esperada, e a esperança era de diminuir a diferença de Haddad para Bolsonaro. Uma margem menor daria mais força para o partido ter força como oposição ao governo do presidente eleito.
Quando houve a confirmação da vitória de Bolsonaro, alguns militantes choraram. “Estaremos na resistência do dia a dia”, disse um apoiador petista que estava no hotel.

Em contraste com a tristeza do lado de dentro, na rua em frente ao hotel passavam carros com a bandeira do Brasil buzinando, celebrando a vitória de Bolsonaro.
Haddad, que assumiu a candidatura presidencial do PT devido à impossibilidade de Lula, preso, disputar o pleito, viu a distância nas pesquisas diminuírem nos últimos dias antes do segundo turno, mas não conseguiu virar o placar contra Bolsonaro.
Os políticos que circulavam pelo lobby do hotel já haviam, quase todos, deixado o local pouco depois das 19h, quando os resultados oficiais dos estados começaram a ser divulgados. Depois da confirmação, ficaram apenas Luiz Marinho, presidente estadual do PT e candidato derrotado ao governo de São Paulo, e Eduardo Suplicy e Jilmar Tatto, que disputaram o Senado e também não foram eleitos.
Haddad não vai visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na superintendência da PF em Curitiba nesta segunda. Quem se encontrará com Lula é o deputado estadual eleito Emidio de Souza (PT-SP), um dos principais auxiliares de Haddad durante a campanha. Assim como Haddad, Emidio também está registrado na equipe de advogados de Lula.
Ele votou pela manhã na capital paulista, por volta das 10h15. O petista declarou esperar que o dia transcorra com “muita tranquilidade”. “Eu confio na democracia, confio no povo brasileiro”, disse Haddad. Assim que os militantes iniciaram o ato, moradores do prédio que fica em frente ao colégio começaram a bater panela.
Folhapress

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