DIÁLOGO SOCIALISTA – www.dialogosocialista.wordpress.com
Por Modesto Neto
Sem sombra de dúvidas o mundo mudou e mudou rápido. Vivenciamos um ciclo forte da crise do capitalismo e estas turbulências ecoam não apenas nas estruturas dos estados nacionais, mas, sobretudo nas costas do povo trabalhador. Na Grécia pacotes e mais pacotes anti-crise surgem para tentar equilibrar as finanças do país e o desemprego em massa cresce cavalarmente de forma incontrolável, até mesmo o Lucas Papademos que se tornou primeiro-ministro nos últimos dias reconhece que a política anti-crise aumentará o desemprego e afetará de forma mais densa os jovens gregos que em alguns casos já deixam o país para buscarem a vida em outros países europeus. A Grécia não é um ponto isolado na Europa, o continente está em crise. Chanceler da Alemanha, Angela Merkel acredita que esta seja a pior crise na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Nos países de primeiro mundo como são – ou ao menos eram – os países europeus vive-se uma crise econômica de conseqüências avassaladoras fruto do sistema capitalista que sempre deixa seqüelas e impede o desenvolvimento pleno das coisas. Este momento é um cenário de crise no mundo e não apenas os jovens e os trabalhadores, mas uma parcela pensante e significativa do povo manifesta sua insatisfação com os governos e com a forma de se governar. Muitas dessas manifestações tem seu chamamento através da internet.
No Brasil tivemos crises profundas. Na gestão do presidente Getúlio Vargas o povo mobilizou-se em defesa do petróleo brasileiro e com o movimento “O Petróleo é Nosso” e sobre a ação política norteada por um forte senso de patriotismo do presidente Vargas afastou-se o petróleo brasileiro das garras dos especuladores internacionais, sobretudo das agências norte-americanas. Este petróleo financiou – e financia – projetos sociais e avanços importantíssimos para a população, além de colocar o Brasil em posição privilegiada na diplomacia internacional provando ao mundo que não somos apenas exportadores de alimentos. O povo esteve presente nesta luta.
Citar as crises que nosso país passou em seu trajeto até o presente necessitaria de mim ou de qualquer outro que se propusesse a isto a dedicação de uma vida e ainda assim as linhas escritas não esboçariam a totalidade dos processos turbulentos vivenciado neste solo. Mas o que quero atentar aqui não são as crises, mas as formas pelas quais o povo se organizou e se organiza para enfrentá-las.
Citei a Grécia e a Europa que vivem crises sérias nos dias atuais para dizer que muitas das manifestações que eclodem naquele continente são organizadas a partir da internet. No Mundo Árabe o mesmo ocorre. Mobilizações fantásticas e um mar de gente tomou a praça Tahrir no Egito para derrubar o presidente-ditador Mubarak e a queda do presidente ocorreu, foi inevitável perante um mar de pessoas que se uniram a partir das redes sociais. No Brasil coisa semelhante ocorreu quando em 1992 o movimento “Fora Collor” tomou as ruas de Brasília e outras cidade do país pedindo a saída do presidente Fernando Collor de Melo que era acusado de corrupção.
Um ponto distingue as mobilizações do mundo Árabe e da Europa nos dia atuais para aquelas que foram vivenciadas no Brasil em 1992 no “Fora Collor” ou nas décadas anteriores contra o Regime Militar (1964 – 1985): a internet. Na década de 1990 a internet no Brasil ainda engatinhava e as articulações para organizar qualquer tipo de protesto era bem complicado, telefonemas, cartas, bilhetes, cartazes e panfletos eram utilizados a fim de juntar as pessoas em um ato. A indignação movia as pessoas naquele período e ainda faz alguns setores da sociedade se manterem vigilantes e prontas para o embate político, porém com dimensões menores hoje.
As praças gregas na Antiguidade eram espaço de discussões e debates entre os cidadãos gregos, porém mulheres, escravos, crianças e outros não tinham o direito de opinar sobre o encaminhamento da sua cidade. No Brasil nas mobilizações no movimento “O Petróleo é Nosso”, no Movimento da Legalidade iniciado no RS pelo então governador Leonel Brizola em 1961 para manter os princípios e o cumprimento da constituição naquele momento de vagância do cargo de presidente, nos questionamentos ao Regime Militar (1964-1985), na campanha pela anistia dos presos políticos, nas Diretas Já de 1985, no Fora Collor de 1992 e outros movimentos várias praças públicas foram palco deste protagonismo político exercido pelos trabalhadores, pelos jovens e pelo povo que mantinha a capacidade de se indignar.
Hoje o Twitter, o Facebook e outras redes sociais se apresentam como praças virtuais onde o bom combate sobre os temas caros a sociedade ocorrem. O embate político-social ganha um novo espaço. A partir da internet grupos se formam e se organizam propiciando mobilizações como a III Marcha Nacional Contra a Corrupção que no RN acontece amanhã em Natal na Praça Cívica justamente neste 15 de setembro quando se comemora a Proclamação da República. Novas lutas da perspectivas de novos momentos surgem as vezes reivindicando o que há décadas e/ou séculos era pedido como o combate a corrupção, a escola publica de qualidade, o transporte publico digno e o acesso aos serviços públicos básicos e novos embates acontecem e com estas novas lutas novos desdobramentos como a organização via internet. Novas lutas, novas praças
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