Deltan Dallagnol e Sergio Moro lado a lado - Foto: Jorge Araújo/ Folhapress A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou nesta quinta-feira 4 junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) nova perícia de mensagens apreendidas na Operação Spoofing. Na petição, dirigida ao ministro do STF Ricardo Lewandowski, os advogados de Lula destacam diálogos para reforçar ação coordenada entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato. O objetivo da reclamação ao STF é obter o acesso integral ao acervo de mensagens apreendidas com hackers em 2019. Na petição protocolada hoje, os advogados de Lula defendem que as novas mensagens submetidas a perícia mostram “graves vícios e improcedência dos atos de persecução realizados contra ele [Lula] pelo Estado, por meio da autointitulada ‘Lava Jato'”. Os advogados sustentam que “sem grande esforço de intelecção, os fatos contidos nos diálogos são de extrema gravidade e revelam toda sorte de ilegalidade”. A defesa diz ao STF que Moro “orientava e era consultado rotineiramente para a prática dos atos de persecução” em relação a Lula. “No que se refere ao famigerado tríplex do Guarujá, por exemplo, o então juiz Sergio Moro, além de ter atuado durante a própria elaboração da denúncia, como já demonstrado nestes autos, exigia satisfação até sobre o andamento do recurso de apelação do MPF”, afirma. Para exemplificar, os advogados listam mensagens escritas pelo procurador Deltan Dallagnol em 21 de julho de 2017 para seus colegas da força-tarefa da Lava Jato. A grafia das mensagens foi reproduzida tal como consta na perícia dirigida ao STF. 20:23:57 – Deltan: É uma base imensa, com informações de terceiros não relacionados ao réu e há diligências sob sigilo ainda; então é possível fazer pesquisas com base em argumentos (termos) apontados por Lula e que tenham pertinência com os fatos do processo. 20:25:46 – Deltan: Russo [Moro] quer uma previsão das nossas razões de apelação do caso triplex. Os advogados afirmam também que “inovações do então juiz Sergio Moro para conceder benefícios a delatores que pudessem criar elementos para atingir os alvos pré-definidos levou [sic] os próprios membros da ‘Força-Tarefa da Lava Jato’ a reconhecer que estavam diante de ‘Inovação do CPP da Rússia'”. A conversa ocorreu em 13 de julho de 2017 entre os procuradores Laura Tessler, Julio Noronha e Jerusa Viecili. Segundo os advogados de Lula, eles sabiam que estavam diante de regras criadas por Moro, “mas jamais verteram tal irresignação em medida judicial compatível”. 16:21:49 – Laura Tessler: Pesssoal, percebi que o Moro agora previu para os colaboradores a possibilidade de ampliação pelo juízo da execução dos benefícios previstos no acordo caso haja aprofundamento posterior da colaboração, com a entrega de outros elementos relevantes. Não me lembro de ter visto isso antes em alguma sentença. Já veio antes ou é mais uma inovação do Moro? 16:31:02 – Julio Noronha: Não lembro de ter visto isso antes tb, Laurinha. 16:33:29 – Jerusa Viecili: é um dispositivo novo do CPP da Rússia! Os advogados de Lula citaram que os procuradores reconheceram que o levantamento do sigilo da delação de Antônio Palocci às vésperas das eleições presidenciais de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro (sem partido) —e que escalou Moro a ministro da Justiça—, “foi um ato de ofício do então juiz Sergio Moro”. A conversa ocorreu em 1º de outubro de 2018: 15:40:25 – José Carlos: Parece que o Judiciário está tentando, mais uma vez, ser protagonista do processo político. Vejo nesse levantamento do sigilo tentativa de influenciar na eleição presidencial. Espero estar errado. 15:43:23 – Ângelo Goulart: Acredito que vc não esteja totalmente errado. Seria surpreendente se o Judiciário não se sentisse tentado a influenciar. Mas pode ter havido uma contribuição involuntária da ordem processual. Os diálogos mostram, segundo a defesa, que Moro e os procuradores “acompanharam em tempo real as conversas interceptadas ilegalmente nos terminais utilizados pelos advogados constituídos pelo reclamante [Lula]”. Outro lado Procurados, Moro e MPF (Ministério Público Federal) não se manifestaram. Em nota divulgada na segunda-feira (1º), o ex-juiz e ex-ministro reiterou não reconhecer a autenticidade das mensagens.
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