Após proclamar-se “independente”, o PSD de Gilberto Kassab revelou-se governista no primeiro movimento relevante que realiza na Câmara.
Recém-nascida, a legenda presidida pelo prefeito de São Paulo decidiu unir-se ao PSB do govenador pernambucano Eduardo Campos para socorrer Dilma Rousseff.
Reunidos nesta segunda (31), em Brasília, Kassab e Campos decidiram mobilizar as respectivas infantarias parlamentares para aprovar a DRU.
Trata-se da ‘Desvinculação das Receitas da União’, ferramenta que permite ao governo aplicar como bem entender 20% de toda a arrecadação tributária.
Criada sob Itamar Franco, em 1994, a DRU foi renovada nas gestões de Lula e FHC. Vai expirar em 31 de dezembro de 2011.
Na semana passada, uma rebelião do consórcio governista impediu a votação da proposta em que Dilma pede a prorrogação do mecanismo até 2015.
Kassab e Campos movem-se para entregar à presidente da República os votos de suas bancadas. Juntos, PSD e PSB dispõem de 88 votos.
É o bastante para compensar eventuais traições que se insinuam no PP, PTB e em parte do PMDB.
A proposta volta à pauta na terça (8) da semana que vem. Como se trata de emenda à Constituição, terá de ser votada em dois turnos. A aprovação exige 308 votos.
“A presidenta Dilma precisa da DRU para enfrentar este momento duro da economia global e manter o Brasil na rota do crescimento”, disse Campos.
“Esta é uma questão suprapartidária, que não deve ser motivo para um cabo de guerra entre a oposição e a base de apoio do governo”, acrescentou.
Foi ecoado por Kassab: “Governos de todos os níveis e de todos os partidos têm se utilizado da DRU, corretamente a meu ver, há bastante tempo…”
“…Como pensar, agora, em recusar o mesmo tratamento ao governo da presidenta Dilma? Não é correto.”
A união em torno da DRU é a primeira de muitas, prenúncio da formação de uma nova parceria no Legislativo.
A afinidade é tão aguda que o centro-direitista PSD levou ao seu site o mesmo texto veiculado no portal do pós-socialista PSB (Confira aqui e aqui).
Produzido pela assessorial do governo de Pernambuco, o texto avisa:
“Em votações importantes, os dois partidos poderão convocar todos os seus parlamentares – inclusive os licenciados.”
Quer dizer: na Câmara, Dilma ganhou um colchão com plumas suficientes para amaciar eventuais sublevações urdidas em seu condomínio.
Escrito por Josias de Souza
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