quarta-feira, 8 de setembro de 2021

JUNGMANN, EM LIVE COM NOBLAT: “NÃO ACREDITO QUE O PRESIDENTE TENHA FORÇAS PARA RUPTURA”

 

Michael Melo/Metrópoles

O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou não acreditar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) terá forças para provocar um ruptura entre os Poderes de modo que ameace a democracia.

Jungmann, ex-ministro do então presidente Michel Temer (MDB), participou como convidado da cobertura do Metrópoles das manifestações deste 7 de Setembro, feriado da Independência. O jornalista Ricardo Noblat, colunista do portal, conduziu a entrevista.

Para Jungmann um golpe precisaria do irrestrito apoio dos militares. No entanto, para ele, o presidente Bolsonaro não conta com esse “apadrinhamento”.

“Um golpe clássico na América do Sul precisa contar com os militares. Eu tenho dito e reafirmado que as Forças Armadas estão indisponíveis para uma aventura autoritária”, explicou.

O ex-ministro citou a demissão da cúpula das Forças Armadas em março deste ano. A troca ocorreu em meio a pressões do presidente para que a Marinha, a Aeronáutica e o Exército manifestassem claramente apoio ao governo.

“Eles estavam sendo insubordinados, ineficientes ou cometeram delitos? Não. Eles não se dobraram a vontade do presidente de endossar os gestos de constrangimento e ameaça aos demais Poderes”, salientou.

À época, os titulares do Exército, general Edson Pujol; da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior; e da Aeronáutica, brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez, se reuniram com o então ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva para comunicar a decisão. Azevedo e Silva também foi desligado do cargo.

Jungmann é categórico ao dizer que o apoio dos militares ao presidente está cada vez menor. “Há um processo de desgaste e de desconforto das Forças Armadas com o presidente”, frisou.
Conselho da República

Bolsonaro convocou uma reunião do Conselho da República. “Amanhã [quarta-feira 8/9] estarei no Conselho da República, para nós, juntamente com os presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, mostrar para onde nós todos devemos ir”, declarou o chefe do Executivo em fala para manifestantes, nesta terça-feira (7). A fala do presidente ocorre em um momento de crise institucional entre os Poderes da República.

No Brasil, o Conselho da República é o órgão superior de consulta da Presidência da República criado para assessorar o mandatário do país em momentos de crise. A convocação causou surpresa nos integrantes do grupo e nenhum presidente dos Poderes confirmou participação.

Jungmann participou do conselho em 2018, quando Michel Temer decretou a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.

Contudo, o ex-ministro não acredita em um descontrole entre as instituições. “O presidente não detém força, e acredito que nunca teve, para provocar uma ruptura, mas o presidente tem força para criar conflitos”, avaliou.

“Um cenário possível, no primeiro ou segundo turno ele é derrotado. Acredito que ele vai invocar que houve uma fraude, que não aceita, pedir a anulação das eleições e parte dos seus apoiadores irão para rua, que aí terá conflitos. O presidente joga com esse clima”, concluiu.

*Com informações do Metrópoles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário