segunda-feira, 12 de julho de 2021

A luz no fim do túnel

 


Por Carlos Eduardo*

Em sua análise sobre a nossa cadeia de mineração, o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico da FIERN destaca alguns fatores que afetam negativamente nossa indústria mineira, com destaque para a insuficiência de qualificação técnica de profissionais que possam trabalhar na mineração, assim como para a quase nula interlocução do setor com centros de pesquisa e universidades com vistas a possibilitar o surgimento de inovações tanto na extração como no beneficiamento de minérios.

Ouros entraves são os gargalos na infraestrutura do negócio, especialmente nas áreas de telecomunicação e de energia, já que a mineração é uma atividade eletro intensiva. Some-se a isso a falta de logística para o escoamento da produção, onde proliferam rodovias pessimamente conservadas, pequena malha ferroviária e de qualidade questionável, além do modal portuário obsoleto e ineficiente.

Há mais de quatro décadas, o Brasil tinha o sonho de tornar-se autossuficente na produção de barrilha, agregando valor ao nosso sal marinho com o aproveitamento das boas reservas de calcário do RN. Porém, nossa fábrica em Macau não foi concluída e a de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, (outro importante produtor salineiro) fechou. Vale dizer que a barrilha é matéria-prima com várias utilidades, principalmente na indústria vidraceira. Mas aquele sonho acabou!

Agora surge uma luz no fim do túnel. Segundo o jornal Valor Econômico, um grupo estrangeiro anuncia projeto de criação de um polo cloroquímico, que pode atrair até 5 bilhões de dólares para a economia do RN. O projeto seria implantado em Mossoró, Macau, Guamaré e Porto do Mangue (cuja importância para o escoamento das nossas riquezas, fugindo do gargalo do sistema rodoviário já anacrônico, abordamos aqui no artigo A Porta para o Desenvolvimento).

O projeto em questão, em sua primeira fase, pretende produzir cloro-soda e seus derivados, incluindo PVC, erguer uma potente usina solar e construir um terminal portuário com investimento inicial em torno de dois bilhões e meio de dólares. O polo poderia produzir 500 mil toneladas anuais de PVC, 600 mil toneladas anuais de barrilha e outras 600 mil toneladas de cloro-soda e seus derivados e ainda gerar cerca de 7 mil empregos diretos.

A ideia do polo cloroquímico do RN encontra-se no estágio de licenciamento e de estudos de viabilidade técnica e econômica.  Para nós, que sempre sonhamos com o mais amplo desenvolvimento econômico do Estado e o melhor aproveitamento de suas riquezas, cabe cruzar os dedos para que esta iniciativa se concretize efetivamente. Que se torne a realidade que sempre perseguimos.

Para as autoridades governamentais, para o empresariado local, para os cientistas e pesquisadores, para as entidades que atuam a favor da nossa economia cabe o mais firme apoio no sentido de que essa luz surgida no fim do túnel ganhe maior abrangência para iluminar com máxima intensidade um amanhã de progresso, de empregabilidade e de fortalecimento econômico entre os potiguares. Que assim seja!

*É ex-Prefeito de Natal

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