No mundo ideal a oposição em Mossoró deveria sentar numa sala e escolher um nome que mais agregue para enfrentar a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) ano que vem. As pesquisas mostram que esse é o melhor caminho para vencer a desgastada inquilina do Palácio da Resistência.
No mundo real isso não existe!
Não é porque os líderes da oposição local são egoístas, sedentos por poder ou desarticulados. Simplesmente é incomum a junção de toda a oposição em torno de uma candidatura numa cidade de porte médio como Mossoró.
Quanto maior a cidade mais complexa é a política dela. É raro juntar toda a oposição em torno de uma candidatura num município de médio porte.
Ah mas todos querem tirar Rosalba do poder, argumentaria o leitor. Sim, todos querem e por motivos bem parecidos. Mas política é um jogo de xadrez que envolve muitos fatores. O antirosalbismo é um fator simplista demais para justificar uma aliança total da oposição.
É possível que aconteça? Classificaria como pouco provável. Unir toda a oposição ou a parte mais relevante dela exigiria uma costura política sofisticada num cenário em que os principais nomes ainda não foram testados como cabeça de chapa majoritária.
Esse último fator gera uma série de pressões. Os partidos querem as candidaturas próprias, os apoiadores também. Isso pesa sobre os políticos nestas circunstâncias. O acordo exigiria incluir os líderes em nível estadual.
Outro ponto: a chapa proporcional também é importante neste contexto. Em 2020 não teremos coligações proporcionais. Isso torna fundamental aos partidos ter candidaturas majoritárias porque isso fortalece a corrida ao parlamento e reforça o voto de legenda.
Que tal escolher quem estiver mais bem colocado nas pesquisas? É um bom argumento objetivo, mas a política é uma ciência humana e subjetiva. Há vários casos registrados na literatura política que mostram que nem sempre o melhor colocado nas pesquisas um ano antes da eleição é o que tem mais chances de ganhar. A eleição de 2012 é um exemplo claro disso. Chico da Prefeitura vinha de duas votações excepcionais para deputado estadual (2006 e 2010) dentro de Mossoró e era o candidato do rosalbismo melhor situado nas pesquisas. Mas não era o melhor nome para enfrentar a então favorita Larissa Rosado. Cláudia Regina reunia mais condições de crescimento e foi o que aconteceu.
Para o Governo do Estado, em 2010, a oposição saiu com duas candidaturas fortes. A então senadora Rosalba Ciarlini e o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves. Isso não impediu Rosalba de bater o então governador Iberê Ferreira de Souza no primeiro turno.
Trocando em miúdos: mesmo que saiam várias candidaturas de oposição basta que um nome consiga polarizar com a prefeita para derrota-la caso o discurso de mudança emplaque.
Fala-se muito que a deputada estadual Isolda Dantas (PT) e o deputado estadual Allyson Bezerra (SD) deveriam se unir. Mas os dois estão em lados opostos na Assembleia Legislativa. Isso por si só já indica um distanciamento. O empresário Jorge do Rosário (PL) poderia ser um fator de união entre os parlamentares. É possível? É. Mas é pouco provável que aconteça porque exige um acordo político muito bem amarrado. Política exige reciprocidade. Em 2022 qual dos dois deputados receberia o apoio do eventual prefeito Jorge? Precisamos deixar de lado aquele discurso despolitizado que exige que a política seja uma reunião de anjos querubins decidindo os nossos rumos.
Como bem assinalou o jornalista Carlos Santos esta semana a oposição tem muito pouco a perder em 2020. A obrigação de vencer é da prefeita Rosalba.
Jorge do Rosário, Isolda Dantas e Allyson Bezerra nunca foram testados nas urnas como candidatos a prefeito. Estão em busca de consolidar seus nomes como liderança política. Os três saindo candidatos ajudam o governismo. No máximo dois é possível derrotar a prefeita. Creio mais na segunda possibilidade, mas entendo que seja legítimo que todos saiam candidatos.
O mesmo vale para Gutemberg Dias (PC do B) que tem o direito em sonhar recuperar o capital político perdido nas eleições de 2018 e Daniel Sampaio e seu grupo que precisam mensurar o real tamanho do bolsonarismo em Mossoró. Inclui na lista ainda Telma Gurgel, pré-candidata do PSOL.
Mas não se iluda: só o antirosabismo não une a oposição. A formação das alianças se dará por articulações mais sofisticadas do que ser apenas “do contra”.
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