segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

'Governo vai provar do seu veneno na economia', diz Aécio

'Governo vai provar do seu veneno
na economia', diz Aécio
Aecio DF
Maior resistência contra Levy virá de aliados, diz Aécio
VALDO CRUZ e DANIELA LIMA - Folha de São Paulo - BRASÍLIA
Derrotado na disputa pela Presidência da República em outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) aposta que as medidas da nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff serão insuficientes para conter o clima de desconfiança com os rumos do país. "O governo vai provar do seu próprio veneno."
Ele afirma que o próximo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, enfrentará mais resistência da base do governo do que da oposição. "Ele sabe que é um corpo estranho neste processo", diz. E, em tom irônico, arremata: "Vamos conhecer o neoliberalismo petista".
Aécio promete não apoiar aumentos de impostos propostos pelo governo para fazer um ajuste de R$ 100 bilhões em 2015. "De onde vai vir isso?", questiona.
O tucano afirma não ver motivos para um impeachment de Dilma, como têm defendido alguns grupos em protestos de rua, mas defende a investigação da campanha. Revela ainda que ficou "decepcionado" com a atuação do ex-presidente Lula, com quem tinha boa relação.
Aécio desconversa sobre nova candidatura e faz acenos na direção do colega Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Folha - Fica mais difícil criticar o novo governo agora que ele assume uma política econômica semelhante àquela que o sr. defendia?
Aécio Neves - Ao contrário. Acho que fica difícil para este governo sustentar o discurso da eleição. O país cantado para os brasileiros -equilibrado, próspero, com inflação sob controle- é, na verdade, uma grande ilusão. A cada medida que o governo anuncia, ele, na verdade, corrobora todos os alertas que fizemos na campanha eleitoral.
A que se refere?
Anúncios de ajustes fiscais extremamente duros, as maldades anunciadas agora pelo futuro ministro [da Fazenda, Joaquim Levy]. Na verdade, estamos vendo uma grande esquizofrenia, uma contradição entre aquilo que se anuncia e aquilo que o governo vem praticando. Conheceremos o neoliberalismo petista [risos]. Vamos ver até quando as convicções da presidente se alinharão com as da equipe que ela nomeou.
Vão vir ao Congresso propostas de aumento de impostos, cortes, mudanças no seguro-desemprego. O PSDB vai aprovar essas iniciativas?
Disse a campanha inteira que não faria pacotes. Os nossos ajustes seriam feitos a partir da credibilidade que nós inspiraríamos no mercado. Como eles não têm esse ativo, o que se anuncia é um pacote de maldades.
Será contra novos impostos?
Claramente. E qualquer alteração de direitos trabalhistas teria que ser negociada com as centrais sindicais. Estamos voltando ao tempo do pacotaço. Para se alcançar o superávit proposto pela nova equipe, de 1,2% do PIB, é preciso um ajuste em 2015 de R$ 100 bilhões. De onde vai vir isso? O governo vai provar seu próprio veneno.
O sr. ligou para parabenizar Joaquim Levy? Ele colaborou com sua campanha.
Talvez solidariedade fosse mais apropriado [risos]. Não, eu jamais iria constrangê-lo. Respeito muito o Levy, mas ele sabe que é um corpo estranho neste processo. Ele será combatido até mais pela base do governo e dos setores que o sustentam do que pela oposição.

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