quarta-feira, 10 de abril de 2013

Cláudia atinge 100 dias de gestão gerindo dívida milionária



Herança maldita da "Era Fafá Rosado" é principal problema da prefeita que tem se saído bem no poder

A prefeita Cláudia Regina (DEM) chega aos seus primeiros 100 dias de gestão à frente da Prefeitura de Mossoró. Esse tempo costuma ser emblemático à avaliação de governos, coisa de nossa cultura política.
Os primeiros 100 dias de Cláudia são majoritariamente positivos, sobretudo em face das dificuldades político-judiciais enfrentadas, além de apreensivas barricadas administrativo-financeiras.
Saúde é dificuldade e um marco, para Cláudia, em ação emergencial sobre UTI
A “herança maldita” recebida da antecessora Fátima Rosado (DEM), a “Fafá”, é aterradora. Entretanto, superável, se for enfrentada com destemor.
Cláudia Regina convive com um rombo da ordem de R$ 70 milhões. São débitos com propaganda, previdência própria, aluguel de imoveis/veículos, contratações financeiras, fornecedores etc.
Proporcionalmente, a prefeita é obrigada a conviver com um sobrepeso de dívidas bem superior aos noticiados R$ 800 milhões que teriam sido recebidos pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM), na administração estadual.
Em face desse número aflitivo, que ela por conveniência político-partidária não pode confessar ou censurar, Cláudia é obrigada a promover verdadeiras acrobacias na gestão municipal, batendo de frente com setores do próprio esquema de poder e aliados numerosos.
Na arrumação de governo, que com habilidade começou a trabalhar ainda no período pós-eleitoral, conseguiu convencer o Governo Fafá a aprovar uma reforma administrativa para lhe servir de amparo, imediato, à gestão. E aí está parte do “pulo do gato” à tentativa de domar a tsunami que enfrentaria.
Ela teve esmero na montagem de uma equipe ao seu pleno comando, que pode ser subdividida em dois grupos: um, com preparo técnico e confiança; outro, que é gente escolhida para satisfazer a exigências políticas, lhe garantindo arrimo de grupo. Não significa que esse segundo lote não possua também competência e lealdade, que se diga.
Em postos chaves tratou de botar verdadeiros “capatazes”, vigiando o erário e freando excessos que fizeram a riqueza de algumas figuras na era Fafá Rosado.
Folha de pessoal
Para outros, nomeou quem atendesse à sua visão de unidade política em torno da gestão, deixando apoiadores como a própria governadora e a família de Fafá como avalistas compulsórios do governo.
Cláudia enfrenta bolsões de insatisfeitos que minam o governo. Estão na Câmara de Vereadores, onde um grupo faz defesa “meia-boca” da administração e tenta ser “prestigiado” nos intramuros da prefeitura.
Também convive com aflição de uma manada de colaboradores do governo antecessor, ainda à espera de empregos. Querem superlotar repartições públicas, muitas vezes apenas inchando a folha de pessoal.
Nesse contexto, não deve ser ignorada a asfixia emocional imposta por uma série de processos que desaba sobre seu mandato e do vice Wellington Filho (PMDB). Os desdobramentos das eleições, no campo judicial, mexem com o ânimo da prefeita.
Cláudia evita desabafar sobre 'herança' de Fafá
A prioridade até aqui não é a saúde, educação ou suporte à segurança pública (obrigação do Estado). O fomento ao emprego e renda, mobilidade urbana e infra-estrutura não puxam as preocupações da governante.
O foco é “arrumar a casa”, enxugar custo, sanear dívidas e impedir que o Município perca credenciais a convênios e relações de parcerias com União, Estado e organismos de fomento nacional e até internacional.
Exemplo desse esforço está no campo da saúde pública, um gargalo capaz de provocar muitos sobressaltos no Palácio da Resistência (sede do governo), mas paralelamente e paradoxalmente, vitória à imagem de gestora com perfil proativo – diferente das antecessoras Rosalba Ciarlini e Fafá Rosado.
Cláudia Regina convive com unidades de saúde fechadas, mesmo que inauguradas por Fafá Rosado, desabastecimento de remédios e falta de médicos, filas para atendimento de usuários do sistema, cobrança por convocação de concursados etc.
Mesmo no epicentro desse redemoinho, conseguiu demonstrar que vontade política e iniciativa podem fazer a diferença. É o caso da instalação hoje de dez leitos de UTI pediátrica no Hospital Wilson Rosado, após morte de criança por falta desse equipamento, cobrança da sociedade e campanha eficiente de alguns vereadores.
Ex-secretária municipal (duas vezes), ex-vereadora e ex-vice-prefeita de Mossoró, Cláudia Regina conhece como poucos a máquina municipal. Da mesma forma, consegue percorrer avenidas, ruas, praças, lugarejos rurais e os escaninhos da cidade com rara destreza. É a prefeita de fato e de direito, com boa retaguarda técnica e política.
O que resultará de seu trabalho adiante, não dependerá tão-somente desses primeiros 100 dias. É muito mais uma questão de perfil, de capacidade de detectar e se antecipar aos problemas.
O caso da UTI pediátrica é emblemático. Admitiu que existiam falhas, agiu até mesmo quando aliados defendiam a morosidade e a letargia e deu resposta instantânea a uma necessidade basilar: a vida.
Ser humana, parecer humana e demonstrar ser humana, em vez de empinar o nariz como um mito infalível, deificado, faz uma diferença enorme à prefeita – até o momento.
O que mais simboliza a atual conjuntura é uma certeira jogada de marketing pessoal, que transfere resultados pro campo institucional: sem alardes, diariamente Cláudia Regina faz visitas surpresas a repartições municipais e obras.
Ouve servidores, dialoga diariamente com o contribuinte e procura ali mesmo provocar auxiliares a solução de problemas.
Faz lembrar o então prefeito Jerônimo Dix-sept Rosado Maia na Prefeitura de Mossoró, no final dos anos 40. Ele saía do gabinete para ver diretamente obras de pavimentação, chafariz; sentava à calçada com o cidadão simples e era intransigente no zelo ao erário de então, com parcos recursos.
Pouco tempo depois, Dix-sept virou governador. Saiu aclamado de Mossoró para governar o Estado.
P.S – O Blog não identificou o autor da foto principal que ilustra essa matéria especial. Por favor, o fotógrafo que a fez, se possível entre em contato, para que possamos legitimar a autoria, o que é não apenas uma obrigação, mas um prazer.
Categoria(s): Opinião da Coluna do Herzog / Reportagem Especial

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