sexta-feira, 1 de março de 2013

Os desafios do PSB, por Murillo de Aragão


Murillo de Aragão

Embora o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, não admita sua candidatura ao Palácio do Planalto, o partido quer que ele dispute o cargo em 2014. Lideranças da legenda já começam a difundir o discurso do partido.
A legenda tem se manifestado, por exemplo, contra as desonerações pontuais que o governo está promovendo na economia. Para o PSB, essa desoneração deveria englobar toda a economia.
O partido também alega que o Executivo tem feito bondades – desonerações a fim de estimular a economia –, sacrificando estados e municípios.
Outra crítica do PSB na área econômica refere-se aos gastos do governo. Segundo a legenda, como os gastos de custeio não caem, fica difícil atingir a meta de superávit primário e o governo precisa recorrer a determinados “artifícios”.
O partido aposta que 2013 será um ano difícil. Cita o baixo crescimento e o aumento da inflação como problemas sérios que podem desgastar a popularidade e o apoio da presidente Dilma Rousseff, tanto entre o eleitorado quanto no meio político.
O PSB critica ainda a forte intervenção estatal na economia e o desempenho de empresas estatais como a Petrobras. De acordo com uma liderança importante do PSB, o partido condena a forma monocrática com que o governo decide determinadas políticas públicas.
Um dos exemplos citados foi a MP dos Portos. Essa mesma fonte disse que o governo retirou dos estados e transferiu para a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a decisão sobre a ampliação dos serviços prestados pelos portos.
O partido acredita que, apesar da popularidade alta da presidente Dilma Rousseff, há um conjunto de pessoas querendo novas experiências. Isso ficou demonstrado, por exemplo, quando Marina Silva, na disputa presidencial de 2010, obteve quase 20 milhões de votos.
O governador Eduardo Campos, que conta com um partido estruturado e pode atrair outras legendas da base governista para um projeto alternativo dentro do lulismo, faz o jogo correto para quem pensa em se cacifar para o chamado “pós-lulismo”. Porém, enfrenta o desafio de posicionar sua candidatura no tabuleiro eleitoral.
Precisa, primeiro, quebrar a polarização entre PT x PSDB e depois construir um discurso que convença os eleitores a trocar a bem avaliada gestão Dilma por outra opção saída do próprio governo.
A tarefa de Campos não é nada fácil. É por isso que o governador pernambucano foca seu discurso na economia. Assim, em caso de entraves econômicos em 2013, poderá se beneficiar das críticas pontuais que o PSB tem feito a algumas decisões da política econômica do governo para viabilizar sua candidatura. Caso contrário, poderá abortar seu voo em direção ao Palácio do Planalto.

Murillo de Aragão é cientista político
Fonte: Blog de Ricardo Noblat

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