domingo, 4 de março de 2012

Reprovação à ‘Rosa’ é resultado de conjuntura e seus erros

 

 

Versão de picuinha entre Natal e Mossoró é pobre e esconde realidade mais tenebrosa sobre governo


O que explicaria – ou justificaria – o patamar de 62% de reprovação do Governo Rosalba Ciarlini (DEM), em Natal, num curto espaço de apenas 14 meses? As linhas de raciocínio mais ouvidas situam-se nos extremos da passionalidade, em que escasseia o bom senso e sobram destemperos e argumentos frágeis.
Algo irrefutável, querendo ou não os mais extremados, é que Rosalba atinge um índice incomum em termos de impopularidade, no maior e mais representativo colégio eleitoral do estado. E nada é por acaso. Ela supera até mesmo a prefeita Micarla de Sousa (PV) em avaliação, num comparativo com igual período de gestão dela.
Rosalba prefere apontar Wilma (e Iberê) como culpados
Este Blog mostrou números em postagem (clique AQUI) na sexta-feira (2), assinalando que Micarla em fevereiro de 2010 (14 meses de administração), ostentava 57% de reprovação e 31% de aprovação. Já Rosalba, disparou com 62% de reprovação e tão somente 22,4% de aprovação. Rosalba tem 5% maior desgaste do que Micarla.
Os mais simplistas e míopes, optam por não questionar os números e, sim, justificá-los pelo ângulo de uma caricata xenofobia coletiva e maciça do natalense, que hostilizaria o mossoroense -  personificado em Rosalba, que nasceu em Mossoró. Tudo seria reflexo de intolerância.
É um argumento extremamente frágil, que tenta embaciar os fatos e distorcer a realidade. Cria-se um escudo protetor à Rosalba, na ânsia de mantê-la imune às suas próprias fraquezas como administradora. A culpa é sempre de alguém ou de algo. A ex-prefeita é tratada pateticamente como uma divindade infalível.
À luz da sociologia política, história e psicologia social esse desgaste renderia um volumoso documento analítico, que daria um ótimo tema à abordagem acadêmica. Mas não é preciso que façamos esse mergulho multidisciplinar, encadeado e denso, com lampejo de eruditismo, para encontramos o óbvio.
Rosalba não é vítima. Se existe vítima, a vítima é a sociedade, que até agora se pergunta quando vai começar a sua gestão e quais seus  projetos de governo. Seu governo é medíocre. Ruim, não. Medíocre mesmo.
O natalense não pode carregar esse fardo, porque a culpa não lhe cabe. Afirmar-se que o povo de Natal tem ojeriza à Rosalba, numa transferência atávica de menosprezo por Mossoró, chega a ser infantil. Não se deve elevar à grau de importância, pinimba que fica mais no campo do folclore.
Vale lembrar que Rosalba foi eleita ao Senado em 2006 e ao Governo do Estado em 2010, atropelando seus adversários até mesmo em Natal. A capital potiguar ajudou sobremodo nas duas vitórias consagradoras da mossoroense. Cadê a hostilidade? Inexiste.
Existem informações de que o descontentamento não é localizado. Ele espraia-se como metástase por todo o Rio Grande do Norte. Em alguns municípios em que ela teve vitória com folga, o cenário de conceito popular ao seu governo é inversamente proporcional.
O que ocorre em Natal tem eco maior, devido a própria dimensão do município como núcleo político-administrativo e social do estado. Natal não é uma ilha. É o que há de mais visível e palpável de rejeição ao modelo e métodos adotados pela gestão Rosalba Ciarlini.
O governo recebe uma parte do que oferta. A reação, apontada nas pesquisas, é mais do que natural e pode estar mais amplificada, por outros fatores até alheios às ações e omissões de Rosalba e seu grupo, que está aboletado no poder.
Sem dúvidas, que a conjuntura não lhe é favorável. Rosalba pega uma lufada de desapontamento com Micarla de Sousa, a prefeita que está se transformando num símbolo de incapacidade gerencial, a ponto de empalmar 91,6% de reprovação no mês passado, conforme pesquisa do Instituto Consult.
Em diversos municípios do interior tem-se observado um menor impacto (guardadas as suas proporções) dessa antipatia ao governo, principalmente quando a prefeitura aliada à Rosalba é melhor avaliada pelos munícipes. “Não significa dizer que a ‘Rosa’ vai bem, mas ocorre isso, conforme pesquisas para consumo interno, que nós temos” – diz um destacado assessor governista, em conversa ‘em off’ com o Blog.
Respingos
Natal é realmente diferente. O fenômeno negativo Micarla empurra a paciência do cidadão a níveis baixíssimos e isso termina se refletindo no Governo Rosalba, que mesmo equidistante da prefeita, sofre respingos. Por quê? Porque a atmosfera é carregada, melindrosa, asfixiante.
Entretanto, é também importante sublinhar que a própria governadora ajuda de modo considerável a atrair maus fluidos. Seu perfil de gestão, discurso e imagem governamental parecem clonar Micarla. Difícil não ocorrer uma associação entre ambas, até de forma subliminar. O inconsciente coletivo ganha peso de revolta contra as duas e por transfusão de uma para outra.
Uma série de medidas impopulares, a ausência de projetos e ações de governo, além de uma pregação que traz à tona um “complexo de transferência de culpa”, deixam Rosalba à semelhança da prefeita. Se Micarla encontrou no antecessor Carlos Eduardo Alves (PDT) a razão de todos os seus fracassos, Rosalba faz o mesmo com Wilma de Faria (PSB)-Iberê Ferreira (PSB).
Compreensível, pois, que essa sociedade à beira de um ataque de nervos, tenha pavio curtíssimo. Está ‘por aqui’ com Micarla de Sousa e começa a estrilar contra a governadora. A mesma cidade  que consagrou uma e outra, natalense e mossoroense, as enterra vivas. Resultado – ainda – do seu olhar mais crítico e maior suscetibilidade do que o restante do eleitorado potiguar.
Existem muitas explicações para essa reprovação de Rosalba. Há-as em grande número, mas em síntese é simples entender o que está acontecendo. A cúpula do governo sabe exatamente qual sua parcela de culpa. Resta saber se mudará métodos e meios, no tempo – ainda considerável – que lhe resta.
Categoria(s): Reportagem Especial

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