domingo, 13 de novembro de 2011

Campos destrona Ciro e tenta virar opção presidencial

 

Elza Fiuza/ABr

Eduardo Campos tornou-se uma unanimidade da política. Aliados e antagonistas vêem no vaivém do governador de Pernambuco a tentativa de se equipar para 2014.
Presidente do PSB, Campos desligou da tomada o fio de Ciro Gomes. Em privado, ele se autoproclama a única alternativa presidencial de sua legenda.
Ligado a Lula por laços que extrapolam a política, Eduardo Campos distancia-se gradativamente do PT.
No penúltimo gesto, aliou-se a Gilberto Kassab. Na Câmara, juntou os votos do seu PSB aos do PSD do prefeito de Kassab.
Unida, a dupla passou a controlar 83 cadeiras –três a mais que o PMDB, três a menos que o PT.
Vitaminado por Kassab, Campos virou, por vias tortas, um cotista majoritário do condomínio governista.
No último gesto, o madarim do PSB desafiou a hegemonia do PT na capital pernambucana. De aliado, passou a antogonista.
Aproveitando-se da debilidade de João Costa, prefeito petista de Recife, Campos levou ao noticiário um candidato próprio à eleição municipal de 2012.
Contra a reeleição de Costa, o governador empina a candidatura de Fernando Bezerra Coelho, o amigo que o representa no ministério de Dilma (Integração Nacional).
Ex-aliado automático, o PSB ameaça tornar-se um estorvo para o projeto do PT de elevar o número de prefeituras no Nordeste.
Além de Pernambuco, o PSB comporta-se como adversário do PT em pelo menos mais três Estados: Piauí, Ceará e Paraíba.
De resto, Campos é, hoje, o governista com mais trânsito na oposição. O PSB apoia formalmente os governos tucanos de Minas, do Paraná e de Alagoas.
Em São Paulo, plantou o deputado Márcio França, presidente do diretório estadual do PSB, no secretariado de Geraldo Alckmin.
Em Pernamuco, Campos atingiu o ideal de Lula: governa praticamente sem oposição. Promoveu uma cooptação em massa dos prefeitos do PSDB.
Isolou o DEM e tenta anular o PMDB do senador e ex-governador Jarbas Vasconcelos, hoje uma feroz e solitária voz oposicionista no Estado.
Ao quebrar lanças para acomodar a mãe, Ana Arraes, numa cadeira do TCU, Campos revelou-se um adepto das piores práticas coronelistas.
A despeito disso, vende-ae nacionalmente como gestor moderno, adepto da meritocrafia e cultor do regime de metas administrativas.
Há cerca de um mês, em conversa com uma liderança do PMDB do vice-presidente Michel Temer, Campos permitiu-se esboçar os cenários com os quais trabalha.
Num primeiro panorama, Dilma Rousseff passa o resto do mandato falando de crise e chega à sucessão alquebrada, sem condições de pleitear a reeleição.
Nessa hipótese, a análise do governador desdobra-se em duas. Numa ramificação, Lula seria o candidato do PT. E Campos adiaria suas pretensões.
Noutra, Dilma iria à recandidatara na base do vai ou racha. Rachada, abriria espaço para que os governistas buscassem outro nome –de preferência o dele.
Num segundo cenário, Dilma atravessaria a crise sem grandes arranhões e c chegaria a 2014 com popularidade em alta. Nessa versão Campos passaria a mirar 2018.
Com escassos 46 anos, o governador imagina-se em condições de esperar. Em 2014, terá 49 anos. Dali a quatro anos, 53.
Um pedaço do PMDB receia que, faltam-lhe fôlego para o voo alto de 2014, Campos decida acionar o plano B: substituir Temer numa chapa encabeçada por Dilma.

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