Recentemente reconhecida oficialmente como comunidade remanescente de Quilombo dos Palmares, a localidade rural de Picada, em Ipanguaçu, região do Vale do Açu, deixou de ser contemplada antes, com ações institucionais em razão desta condição, pelo fato de que recursos públicos federais destinados ao povoado foram desviados por ocasião da gestão municipal passada. A denúncia foi revelada, terça-feira da última semana, pelo presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Tunefis da Silva Morais, PRB, e corroborada por outro representante do Poder Legislativo ipanguaçuense, Juan Carlos Bezerra Montenegro, PSDB. Ambos estiveram presentes, terça-feira, à sede da Câmara, que foi palco da programação do primeiro Seminário de Fortalecimento das Comunidades Negras do Vale do Açu. O evento discutiu como eixo central o tema ‘A política de promoção da igualdade racial e minorias no Brasil’. O seminário trouxe a Ipanguaçu representações de várias cidades da região e outras partes do Rio Grande do Norte. Os co-relizadores do evento foram a organização não-governamental Valer, a Prefeitura de Ipanguaçu e a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, via Coordenadoria Estadual de Políticas Públicas para Igualdade Racial. O presidente da Câmara de Ipanguaçu declarou que, diferente do comportamento da gestão anterior, do ex-prefeito José de Deus Barbosa Filho, o governo do prefeito Leonardo da Silva Oliveira, do PT, trata a questão da comunidade quilombola com zelo e responsabilidade. Tunefis Morais observou que a gestão atual tem a permanente preocupação em assegurar programas que ajudem os remanescentes de quilombola. Em entrevista gravada o presidente do Poder Legislativo disse que houve desvio de recursos para os quilombolas na administração passada. Afirmou ainda que, até 2008, os remanescentes de quilombola sofreram represália, humilhação e discriminação, pelo fato de a verba que os atenderia ter sido desvirtuada para outros propósitos não devidamente explicados. As colocações contundentes do presidente da Câmara foram acompanhadas pelo vereador Juan Montenegro, líder do governo no Legislativo municipal. Juan Montenegro chegou a recordar que, na administração passada veio um recurso que foi desviado e ele inclusive chegou a tratar do assunto em pronunciamento na Câmara. Até aqui o ex-prefeito José de Deus não se pronunciou sobre as declarações dos dois vereadores e ex-correligionários políticos.
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