Política e história
Governadora sente dissabor da vaia e não consegue conviver com situação extremada até em Mossoró
“Sou, por formação e por índole, um homem que fundamentalmente crê. Desejo morrer réu do crime da boa-fé, antes que portador do pecado da desconfiança.” (Mário Covas).
Em diversas ocasiões, este ano
, em pleno exercício do seu governo à frente do Estado, a ex-prefeita mossoroense (três vezes) Rosalba Ciarlini (DEM) sentiu-se acuada e mudou agenda em Mossoró. O Medo, o temor de hostilidades, a fez recuar.
A situação é inusitada para Rosalba. Acostumada ao aplauso natural ou a saudação laboratorial das claques, agora conhece o outro lado da manifestação popular, orquestrada ou não. Mas como o incenso, também legítima.
A vaia é tão democrática quanto o aplauso. Diz-se que é o aplauso dos descontentes.
Ela alcançou em sua terra natal consideráveis índices de aprovação administrativa e, em duas eleições mais recentes, ao Senado (2006) e ao Governo do Estado (2010), obteve votações consagradoras no município. A “Rosa”, epíteto político que seu marketing adesivou no inconsciente popular, está com dificuldade de administrar essa nova realidade.
Esse momento da governadora nos remete a 1º de junho de 2000. A cidade é São Paulo (SP). Governador do Estado, Mário Covas (PSDB) enfrenta incendiária greve dos professores e por volta de 15h50 minutos resolve entrar pela porta da frente no prédio-sede da Secretaria Estadual da Educação.
- Ninguém vai impedir o governador de entrar em uma secretaria de Estado pela porta da frente – avisou através de sua assessoria.
Tensões
Covas, pela ousadia, considerada provocativa por setores mais exaltados da mobilização, acabou duramente atacado pelos grevistas. Registra-se que chegou a ponto de sofrer sopapos físicos e ser alvo de objetos como latas de refrigerante, paus e até pedras. Causaram-lhe escoriações na testa e pequeno corte nos lábios. Mas sobreviveu.
As greves ocorridas e ainda resistentes em confronto com o atual governo no Rio Grande do Norte, nem de longe se assemelham a essa atmosfera paulista, há mais de 11 anos. Em escassos momentos ocorreram tensões mais extremadas, como no caso da paralisação da Polícia Civil.
Em relação ao professorado da Universidade do Estado do RN (UERN), último foco de greves no serviço público estadual, neste 2011, tem ocorrido programações políticas que cumprem as exigências da civilidade. Uma exceção, sem dúvidas, foi a ocupação do Teatro Municipal Dix-huit Rosado, há poucas semanas, durante evento do jornal Correio da Tarde, em que a governadora foi homenageada (mas faltou). Arroubo evitável.
Rosalba teve que encarar manifestantes, em março, quando visitava o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM). Foi vaiada durante o “Chuva de Bala no país de Mossoró”. Evitou ainda comparecer a abertura da Feira do Bode, mas nem assim seus representantes deixaram de ser vaiados. O mesmo ocorreu na 7a Feira do Livro.
A governadora precisa mudar de comportamento. Esgueirando-se, demonstra fraqueza. Favor não confundir com fragilidade.
E em relação à Rosalba, não deve faltar o respeito à mulher, mãe, esposa e à autoridade legalmente constituída, legitimamente entronizada no cargo. Qualquer excesso coletivo ou individual descaracteriza a seriedade da mobilização funcional, via sindicatos.
A covardia não inspira respeito. Nem admiração.
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