sexta-feira, 29 de abril de 2016

Vencedor de prêmio Nobel da Paz de 1980 fala em ‘golpe’ e causa polêmica em Plenário do Senado


A visita do vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Pérez Esquivel, ao Plenário do Senado causou polêmica nesta quinta-feira (28). Oposicionistas protestaram contra a rápida mensagem do visitante aos senadores, que ocupou a mesa com a permissão do senador Paulo Paim (PT-RS), que presidia a sessão.
O argentino, que pouco antes havia demonstrado apoio à presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, falou por menos de três minutos. Tempo suficiente para causar polêmica.
Escultor e ativista de direitos humanos, Esquivel pediu respeito à Constituição e ao direito do povo de viver a democracia.Antes de ressaltar que os interesses do povo estão acima dos partidários, ele disse que há um possível “golpe de estado” no Brasil e citou Honduras e Paraguai, os quais, segundo ele, sofreram com a mesma metodologia usada no país para afastar seus presidentes.
O  senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi o primeiro a protestar, assim que o visitante deixou a mesa do Plenário.
— Essa fala concedida foi inadequada. Inaceitável. Este Parlamento jamais poderia ter deixado esse senhor vir aqui dizer que o Brasil está perto de um golpe. Estou indignado. Não aceito e o senhor não poderia ter deixado — disse Ataídes a Paulo Paim.
Ataídes chegou a pedir a retirada das notas taquigráficas da reunião a participação do argentino, mas foi convencido de que não seria necessário.
Os senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Cristovam Buarque (PPS-DF) isentaram Paim de culpa e disseram que o argentino foi enganado pelos aliados do governo que o levaram ao Plenário.
— Lamento não ter tido a chance de explicar para ele que impeachment [de Dilma] não é golpe. Lamento a comparação com Honduras e Paraguai. Tenho a sensação que deram um golpe no Esquivel, que virou porta-voz de uma mensagem falsa — afirmou Cristovam.
Defesa
Paim informou que apenas autorizou que Adolfo Esquivel fizesse uma saudação aos parlamentares e o advertiu para não entrar no mérito do impeachment por se tratar de uma questão delicada. O presidente da sessão se comprometeu a retirar todas as palavras que fizessem menção a “golpe”.
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), negou má-fé por parte dos senadores que apoiam Dilma Rousseff.
— Não houve intenção de aqui haver qualquer posicionamento político de quem quer que seja. Isso não corresponde à realidade, nem seria a nossa intenção. Até porque ele já se expressou muito claramente pelos meios de comunicação, pela visita que fez à presidenta Dilma. Não se criaria aqui uma situação como essa apenas para o registro de uma posição que é pública e que não é somente dele — afirmou.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

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